O Desânimo na Vida do Líder

Entre as barreiras negativas que um líder precisa superar está o desânimo: aquela atitude de apatia e entrega a um negativismo prevalecente. O desânimo, como é sugerido etimologicamente, significa a perda de ânimo, uma carência de esperança e de algo que possa motivar a pessoa a continuar se esforçando se faz presente. A coragem para continuar exige alguma esperança do sucesso, mas, quando os seguidores perdem a esperança aparece o desânimo, transformando o futuro em cinzas e decadência. Os líderes têm a função de injetar a esperança. Eles mesmos precisam ter esperança, como Moisés quando implorou a Deus que não destruísse Israel depois do episódio do bezerro de ouro, que virara objeto de idolatria. Como podemos ver em Êxodo 32, talvez pudéssemos facilmente concluir que Deus houvesse se desanimado mais com Israel do que o próprio Moisés. Realmente, esse foi um teste que esse líder notável passou sem vacilar. Ele não permitiu que a ambição pessoal distorcesse a sua perspectiva. Não permitiu também que a dura cerviz do povo destruísse a sua esperança. Essa é a razão que ele suplicou para que Deus não acendesse sua ira contra o povo (Ex 32.11-13).
Paulo muitas vezes teve que vencer a atitude avassaladora do desânimo. Ele enfrentou toda razão imaginável para o desespero. Considere as igrejas da Gálacia, abraçando a idéia falsa de salvação baseada na circuncisão e no cumprimento da lei.

Pense no relacionamento de Paulo com a igreja de Corinto. A divisão, a imoralidade, a idolatria, a visão distorcida dos dons do Espírito, a incredulidade da realidade da ressurreição, os comentários acusando Paulo de mentira, o desprezo por sua presença física em Corinto (2Co 10.10) e a desobediência. Contudo, o apóstolo lutou contra a repugnante serpente do desânimo. A frase chave, "ouk engkakoumen" (2Co 4.1,16) significa "nós não desanimamos" ou "nós não desfalecemos". Ele afirma aos coríntios que: "temos [...] sempre bom ânimo" (5.6), porque ele podia acreditar que todas as tribulações nesta vida são temporárias e de curta duração (4.17), enquanto que a recompensa pela fidelidade tem eterno peso de glória.

Deus escolhera não dar alívio a Paulo de seu espinho na carne, contudo, este não cedeu à depressão, mesmo quando é provável que a tentação ainda continuasse tenazmente em seus passos. Embora completamente inocente da culpa, ele foi forçado a gastar quatro anos em prisões. O desânimo certamente bramiu para ele como um cão bravo ou um "leão rugindo" (1Pe 5.8).

O desânimo e a depressão são as maiores ameaças para qualquer grupo ou igreja que esteja passando por perseguições ou tribulações. Os cristãos judeus, para quem fora escrito a carta aos Hebreus, estavam à beira do retorno ao judaísmo. O autor escreveu: "Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão" (Hb 10.35).

Pedro escreveu para os cristãos perseguidos da Ásia menor com palavras animadoras: "Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando" (I Pe 4.12-13). Quando enfrentamos circunstâncias que criam desânimo, a Bíblia nos dirige para o nosso Senhor que sofreu infinitamente mais do que qualquer um de nós. Isso também ergue nossas cabeças para contemplar o futuro glorioso dos filhos de Deus (Rm 8.17).

Do livro "O líder que Deus usa".
Por Russel P. Shedd

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