3 Perspectivas acerca do Dinheiro

Prof.: Rubem Ximenes

A Bíblia apresenta uma atitude equilibrada quanto ao dinheiro. Ela não considera o dinheiro um mal em si, nem que Deus ama os pobres e odeia os ricos, ou os que possuem riquezas sejam pessoas ímpias. Há vários personagens bíblicos cristãos que eram prósperos, tais como Jó, Abraão, Davi, Salomão, Filemom etc. O que, na verdade, a Bíblia combate é a inveja e a ganância, sendo uma das suas recomendações: “Não te fatigues para seres ricos; não apliques nisso a tua inteligência. Porventura, fitarás os olhos naquilo que não é nada? Pois, certamente, a riqueza fará para si asas, como a águia que voa pelos céus.” - (Pv 23.4, 5). Aqui, nesse texto, se aprende que não vale a pena desgastar a saúde e desperdiçar o tempo na busca pela riqueza, pois ela é fútil e fugaz como a ilusão.
Há três perspectivas teológicas dominantes sobre o dinheiro: a teologia da pobreza, a teologia da prosperidade e a teologia da mordomia.

Perspectiva da Pobreza
Exprime uma rejeição ao mundanismo, simbolizado pela obsessão do homem com o dinheiro (Morley, 1992, p.169). Essa postura teológica não é recente e encontra particular difusão no meio da Igreja Católica, através da ordem dos franciscanos. Eles fazem o conhecido voto de pobreza proposto por Francisco de Assis, o qual associava santidade à vida simples e humilde. Além disso, essa teologia acredita que os bens materiais se constituem numa maldição. Há um forte desejo de ajudar os pobres, porém as pessoas têm pouco o que ofertar. Alguns cristãos ricos que se sentem culpados também podem se encaixar nesta categoria, especialmente se herdaram a riqueza (Morley, 1992, p.169). Sua principal base bíblica é Lucas 18.18-22 (vender, dar aos pobres). Os erros básicos dessa perspectiva são achar que é necessário ser pobre para ser humilde e a incompreensão da ordem de Deus para que seja trabalhador e use as suas aptidões na proporção recebida.

Perspectiva da Prosperidade
Os adeptos dessa teologia admitem que a prosperidade é a recompensa dos justos e acreditam que quem não tem é porque não pede, não reivindica a Deus, o dono de tudo, ou está vivendo em pecado. Pensam que as pessoas que não experimentam as bênçãos financeiras e materiais não possuem fé nas “promessas divinas”. Muitos partidários desse ponto de vista vivem estilos de vida bastante consumistas e de muito luxo. No Brasil destaca-se a Igreja Renascer em Cristo. O texto bíblico utilizado é o de Mateus 7.7, 8 (pedir, buscar, bater). Sendo seu lema dar para receber, a teologia da prosperidade cria uma transação que é imposta sobre Deus, na qual Ele é obrigado a abençoá-lo. Esse conceito não leva em conta os seus motivos, se você está ou não vivendo em pecado, e o plano de Deus para a sua vida. (Morley, 1992, p.171).

Perspectiva da Mordomia
Nessa perspectiva, os bens materiais são uma responsabilidade dada por Deus aos seus servos para a glória dEle. Vale ressaltar que tal concessão divina é feita em diversas proporções aos seus filhos, que são considerados mordomos ou despenseiros. Essa verdade permeia as Escrituras e tem seu fundamento em diversos textos: Mt 25. 14-30 - parábola dos talentos; Lc 12.41-48 – a parábola do administrador; Tg 4.13-17 – o ganho de dinheiro segundo Deus permite. Morley (1992, p. 169-70), comenta essa teologia afirmando que: Os despenseiros, ou mordomos, acreditam que Deus possui e controla tudo. Bens materiais são um privilégio, não um direito; o despenseiro desiste dos seus direitos. ... ele entende que os bens materiais são uma responsabilidade dada em proporções diversas, dependendo das aptidões inatas, dadas por Deus, que a pessoa tem, e de sua fidelidade e obediência em seguir os princípios bíblicos. O despenseiro acredita que a prosperidade resulta da fidelidade com que administrar os seus talentos, dados por Deus conforme o seu exclusivo critério.

Na verdade, o objetivo do despenseiro (administrador) é ser sábio em conduzir os negócios de Deus, não intentando acumular riquezas ou renunciá-las. Por outro lado, a teologia da mordomia incorpora o que há de sadio nas teologias da pobreza e da prosperidade, incluindo as recomendações para se cuidar dos pobres e as belas promessas das bênçãos de Deus. Ser mordomo é uma atitude, um estilo de vida que enfoca a fé em defender os nossos interesses e os dos outros.

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