Livro | Ensaio sobre a cegueira

O livro de José Saramago, grande escritor português, nos faz enxergar muito mais além das linhas escritas pelo escritor, e nos faz ver um verdadeiro paralelo com o evangelho. Esse livro serviu como base e deu origem ao novo filme do brasileiríssimo Fernando Meirelles.

A partir de uma súbita e inexplicável epidemia de cegueira, os homens se tornam animais egoístas e acabam perdendo os seus valores mais básicos e primordiais.

No segundo parágrafo deparamo-nos com o grito de um personagem: "Estou cego". A partir daí vários personagens vão se cegando ininterruptamente. Uma epidemia provocada por um vírus desconhecido ocasiona a cegueira, medo e paranóias que fazem vir à tona os instintos existentes mais escondidos dos homens. O autor nos relata o fim da sociedade como a conhecemos por causa da cegueira. Ao final de Ensaio sobre a Cegueira, o leitor está fascinado com a literatura de Saramago, também com o filme de Meirelles, e assustado, inevitavelmente se questiona a respeito da dúvida que o autor nos coloca indiretamente: É assim que os homens verdadeiramente são?

O paralelismo existente com o evangelho é evidente. Haja vista que, à luz das Escrituras Sagradas, o homem sem Deus é declarado em estado de “cegueira” e “trevas” absoluta, bem como de “morte espiritual” (Ef 4.18; Cl 2.13). Esse tipo de cegueira, a qual é denominada de espiritual, é, na verdade, muito pior em natureza e extensão, do que a física. É triste para o homem não poder ver as belezas naturais, mas é muito mais triste não poder ver a beleza da graça de Deus. A cegueira espiritual também é muito mais predominante do que a física. É ruim não ter olhos para ver o campo com flores e frutos; ou o mar com suas ondas inspiradoras, mas é muito pior ser cego ao Evangelho glorioso de Cristo, que é "o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê".

"Porque Deus, que disse que das trevas repreendesse a luz, e quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo" (2 Co 4:6).

Waldemir Lopes, pastor