Comunidade Missional

Para muitas igrejas ser uma comunidade missionária limita-se a enviar sustento para missionários que já se encontram no campo. Este interessante ponto de vista já fez parte do Projeto 242, quando ainda se chamava Projeto Ágape.

Porém, tudo vai bem até que as passagens da Bíblia Sagrada nos saltam aos olhos gritando: “Vá mais fundo que isso, meu filho!!!” ...Mais fundo??? Fundo quanto? Até que ponto podemos ir adiante quando se trata de um comissionamento divino? Fundo até o talo!!! “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós”, determinou Jesus no evangelho de João 20:21. Mas para entendermos a profundidade destas palavras temos obviamente que nos recordar de como Jesus vivia. Curioso, que apesar de Jesus ser o homem mais santo que já passou pela Terra, Ele nunca se colocou numa redoma, muito pelo contrário, Ele se misturou com a galera. E não era uma galera gente boa igual à maioria dos teus amigos. Era uma turma “barra pesada”. Um povo bebedor de vinho, mendigos, prostitutas, algumas pessoas corruptas e todo tipo de ser humano marginalizado pela sociedade. Tinha gente estranha, gente doida, gente idolatra, gente doente e lá estava “JC” no meio deles.

Esta nossa igreja contemporânea tem se assemelhado muito mais a João Batista, um homem que vivia separado das pessoas, usando apenas um tipo especial de roupa, fazendo de sua vida um tipo especial de voto, do que a Jesus Cristo, um homem antenado com seu tempo que andava no meio das carências do povo. E o pior de tudo isso é que tem gente que prefere se identificar com João Batista que veio apenas para anunciar ao perfeito, que é Cristo, do que se assemelhar a Jesus, o salvador. Para ser um discípulo ou seguidor de João Batista é fácil, se isole do mundo e está tudo certo, mas para ser um seguidor de Cristo reflita um pouco sobre a passagem de Lucas 4:18 e 19 que fala assim: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos e restauração da vista aos cegos, a por em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.” Como você vai evangelizar um pobre ou mendigo se não for até ele? Tem que se misturar... Tem que desenvolver RELACIONAMENTO com as pessoas.

O Espírito Santo unge de fato, mas não é para se guardar a unção somente, é para utilizar naquelas pessoas que são necessitadas. E não basta ganhar almas somente. Esta expressão “ganhar almas” muito em voga atualmente acabou por incorporar um significado infeliz. Pessoas querem ganhar um monte de almas... Mas o ser humano é composto de corpo, alma e espírito. Ele tem emoções. Precisa de cuidados. Precisa de relacionamentos.

Devemos experimentar ir mais além e conhecer o verdadeiro significado do termo “Missio Dei” (Missão de Deus), ou seja, Deus comissionando a igreja toda para ser missionária. Para sermos missionários, precisamos nos contextualizar com o ambiente onde vamos trabalhar, ou seja, desenvolver relacionamentos genuínos. Jesus se interessava pelas pessoas, conversava com elas, se deixava tocar...

Será que nós temos sido Corpo de Cristo e temos nos deixado tocar? Ou só andamos com santos? Procuramos estar no meio dos pecadores para levarmos Jesus a estas pessoas? Lembre-se Deus amou o mundo de tal maneira a entregar seu filho único como sacrifício por ele. E você? Tem aberto mão da sua zona de conforto em prol do Reino de Deus? Investigue bem no seu interior. Não adianta muito dar grandes ofertas para missões e deixar deliberadamente seu vizinho ir para o inferno. O sustento missionário é importantíssimo, mas não é tudo. Lembre-se sempre de que temos que ser mãos, braços, pés de Cristo na Terra. Ser uma Comunidade Missionária é ser uma comunidade de pessoas que vivem em missão a cada dia de suas vidas.

Por: Roberta Tschernev