Conectados com o mundo... mas solitários

Tem me preocupado muito o crescimento da tecnologia da informação no desenvolvimento da nossa juventude. Preocupa-me saber que nossos jovens ficam plugados horas a fio diante de um computador, "conversando" sabe-se lá o quê, com não sei quem. Dizem que são amigos! Nunca se viram, não se conhecem e nunca vão se conhecer, mas são "amigos".

Preocupa-me quando vejo um adolescente concentradíssimo diante de um computador, só mexendo com os dedos polegares... Preocupa-me quando vejo crianças solitárias com seus joguinhos nas mãos, sem conversar com os pais e não querendo ser interrompidas...

Essa é a geração que nasceu no auge desse avanço tecnológico rápido que estamos vendo. Não são capazes de viver sem computador, sem celular, sem os jogos "on line", sem Orkut etc.

Talvez você que me lê possa pensar que sou ultrapassado e que não estou vendo o avanço tecnológico que acontece, queiramos ou não! Não é isso! O avanço da tecnologia da informação é fundamental, inevitável e benéfico, porém, na educação dos nossos filhos temos que tomar alguns cuidados.

Não podemos permitir que nossos filhos tenham amigos virtuais e não saibam o nome do seu vizinho do lado ou da frente da nossa casa. Não podemos assistir nossos filhos moverem apenas os polegares e deixarem atrofiar pernas e braços. Não podemos permitir que não tomem sol e que não andem descalços. Não podemos permitir que nossos filhos sejam "craques" no futebol virtual, mas não sejam capazes de dar um chute numa bola.

Tenho saudade do campinho de futebol perto da minha casa quando eu era criança! À tardinha, todos os dias, reuníamos os amigos da rua onde morávamos e fazíamos dois times: um com camisa e o outro sem camisa. Colocávamos tijolos que serviam de traves e jogávamos futebol até escurecer. É evidente que isso hoje não é possível! Mas era saudável.

Alguns educadores entendem que não é possível proibir aos nossos filhos o acesso aos jogos, ao MSN, ao Orkut etc. Não acho que devamos proibir, mas devemos acompanhar, saber o que e com quem estão falando, o que estão vendo, quanto tempo ficam diante do computador, se estão dormindo o suficiente, se tomam sol, se fazem exercícios físicos...

Não gostaria de ver, daqui a alguns anos, jovens inteligentes, que sabem tudo "de computador", que virtualmente conhecem o mundo, que falam vários idiomas, mas pálidos, fracos, feios, fechados, introvertidos, neuróticos...

Nossas escolas e nossas igrejas precisam se modernizar para oferecer aos nossos filhos o que há de melhor na atualidade, mas finalizo com um testemunho.

Recentemente, assisti a uma senhora idosa contando estórias para crianças com um velho flanelógrafo. O amor, a atenção aos pequeninos e o carinho nas suas palavras, aliado ao suspense em cada figura que colocava, substituiu qualquer "data-show" dos mais modernos.

Em tempo: sou professor na Escola Dominical e uso "data-show".

Gilson Alberto Novaes é presbítero na IP de Americana (SP) e diretor administrativo-financeiro do Instituto Presbiteriano Mackenzie, em São Paulo

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